Entrevista Exclusiva: Cacique Luana Fala Sobre Conflito e Resistência na Terra Indígena Queimadas

A Terra Indígena Queimadas, em Ortigueira, tem sido palco de conflitos intensos, e a cacique Luana compartilhou sua versão dos fatos em uma entrevista exclusiva ao OrtiNews na manhã de sexta-feira (16). Há dois anos à frente da comunidade, Luana enfrenta desafios significativos, agravados por tensões internas e violência. Seu relato detalha a complexidade da situação e reafirma seu compromisso com a liderança.

Veja a entrevista na íntegra:

Entrevista – Cacique Luana Aldeia Queimadas

Preconceito de Gênero Alimenta Conflito

Luana atribui as tentativas de removê-la da liderança ao preconceito de gênero. “Eles não me aceitam por eu ser mulher,” destacou durante a entrevista. Desde que assumiu o cargo em 2023, como a primeira mulher a liderar uma comunidade indígena em Ortigueira, ela tem enfrentado resistência contínua, exacerbada por sua orientação sexual. A cacique relata que as ameaças e o preconceito têm sido constantes, dificultando sua gestão.

Isolamento e Violência Marcam a Crise

A crise na Terra Indígena Queimadas se intensificou na última segunda-feira (12), quando opositores bloquearam o acesso à terra. Eles queimaram uma ponte e derrubaram árvores, isolando o território. Luana está sem contato com seus filhos, de 2 e 4 anos, que permanecem na Terra Indígena. “Ninguém entra, ninguém sai, só o pessoal desse grupinho” comentou. O confronto já deixou duas mulheres feridas por tiros, incluindo uma gestante que precisou de atendimento médico.

Acusações e Defesa

Os opositores acusam Luana de desvio de fundos, mas ela refutou todas as alegações ao apresentar documentos ao Ministério Público Federal (MPF). O MPF, após revisar as provas, decidiu mantê-la no cargo, concluindo que não há evidências suficientes para sua remoção. “Essas acusações são falsas, tenho todas as notas” disse Luana, rebatendo as notícias falsas que circulam sobre seu mandato.

Apoio da Comunidade e Medidas de Segurança

Apesar da oposição de algumas famílias, Luana afirma que a maioria dos moradores, cerca de 380 famílias, apoia sua liderança. A Funai e o MPF acompanham a situação de perto, e as autoridades já foram acionadas para garantir a segurança da cacique e da comunidade. A Funai, entretanto, limita sua atuação à mediação, destacando a vulnerabilidade da líder diante da violência.