Golpistas criam perfis falsos de criança vítima de queda de avião para pedir doações e divulgar jogos de azar

Adriana é mãe de Liz, 3 anos, que morreu em acidente aéreo da VoePass - Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Adriana Ibba, jornalista de Cascavel (PR), enfrenta um novo desafio em meio ao luto pela perda da filha, Liz Ibba dos Santos, de 3 anos. Após o acidente aéreo em 9 de agosto envolvendo um avião da VoePass, perfis falsos surgiram nas redes sociais utilizando imagens e informações pessoais dela e da filha. Esses perfis pedem doações e promovem jogos de azar, intensificando ainda mais a dor da mãe.

Ação na Justiça para derrubar contas falsas

Adriana relatou que logo após a tragédia, perfis falsos começaram a solicitar dinheiro em nome de supostos custos de translado e enterro. Mesmo com familiares e amigos denunciando as páginas, muitas delas continuaram ativas. Por isso, a jornalista acionou a Justiça e conseguiu uma liminar que determinou a retirada de 62 contas fraudulentas.

“É muito difícil lidar com a dor da perda e ainda ter que combater o uso indevido da imagem da minha filha para golpes”, desabafou Adriana.

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Redes sociais intimadas a agir

Na decisão judicial, plataformas como TikTok e Meta – responsáveis por Instagram, Facebook e WhatsApp – foram obrigadas a excluir as contas identificadas no processo. Segundo a advogada de Adriana, Ana Luiza Amarante, o TikTok já cumpriu integralmente a ordem.

Por outro lado, a Meta removeu indevidamente o perfil particular de Liz, administrado pela própria mãe, e ainda não desativou algumas das contas falsas mencionadas na ação. “Além de exigir o cumprimento completo da decisão, vamos solicitar que o perfil da Liz seja devolvido”, afirmou a advogada.

A cada dia de descumprimento, a multa diária se acumula, de acordo com a liminar. Até o momento, a Meta não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Especialistas alertam sobre segurança digital

Ney Queiroz Azevedo, especialista em Direito Digital, considera o uso de tragédias para golpes um ato criminoso, tipificado como estelionato. Segundo ele, quem cria esses perfis abusa da boa-fé das pessoas para arrecadar dinheiro ilegalmente, com pena de um a cinco anos de prisão, além de multa.

Para evitar cair em golpes, Azevedo orienta que as pessoas verifiquem a veracidade de pedidos de doação por meio de outras fontes e redes sociais confiáveis. “Sempre cheque a origem das solicitações e busque confirmar as informações”, alertou o especialista.

Adriana pede respeito e vigilância

Mesmo após a liminar, novos perfis falsos continuam surgindo. Adriana mantém a esperança de que, em algum momento, possa viver o luto em paz. Ela faz um apelo:

“Se você encontrar alguma conta usando imagens ou vídeos da Liz, denuncie. Ela era uma criança de três anos e dez meses, e eu não autorizei o uso dessas fotos. Por respeito à memória dela, peço que ajude denunciando.”

Fonte: g1/Gilvana Giombelli

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