O manto tupinambá, uma vestimenta sagrada dos povos indígenas Tupinambás, voltou ao Brasil após três séculos em Copenhagen, na Dinamarca. Produzido com penas vermelhas e fibras vegetais no século 17, o artefato ficará sob a guarda do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e será exposto ao público em agosto.
Significado Cultural
Conhecido como “Assojaba Tupinambá”, o manto é um dos 11 remanescentes e um dos mais bem preservados do mundo. A peça foi levada para a Europa, onde estava desde pelo menos 1689, durante a invasão europeia no Brasil. Os colonizadores europeus rapidamente passaram a valorizar os mantos e as plumas das aves nativas, levando muitas peças para o continente europeu.
Processo de Retorno
O retorno do manto ao Brasil resultou de anos de negociações entre as autoridades brasileiras e dinamarquesas, com a participação das comunidades Tupinambás da Bahia e da artista visual e pesquisadora Célia Tupinambá. “O manto é um ancestral que regressou, há muito tempo silenciado, e nós o chamamos de objeto agenciado”, disse Célia em entrevista à revista Arte Brasileiros.
Recepção e Críticas
O Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (CITO) criticou a ausência dos Tupinambás na recepção oficial do manto. “O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo de acordo com nossas tradições”, afirmaram em nota. O manto, considerado um ancião sagrado, carrega a história e cultura dos Tupinambás.
História e Reconhecimento
Os Tupinambás, um dos primeiros povos indígenas a entrar em contato com os colonizadores europeus nos séculos 16 e 17, foram reconhecidos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) apenas em 2001. Hoje, cerca de 7 mil Tupinambás vivem no sul da Bahia. Em 2009, a primeira fase de demarcação do território Tupinambá de Olivença foi concluída, mas ainda falta a homologação oficial.
Importância do Território
Célia Tupinambá enfatizou a ligação entre o manto e a luta pela terra: “O Manto traz a luta do território, a vida do território. O Manto precisa que o território viva. Se o território vive, o Manto vive”, disse ela no artigo “Arenga Tata Nhee Assojoba Tupinambá”.